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Mês do Orgulho e o impacto que deveria durar 365 dias

  • Amanda Furniel
  • 28 de jun.
  • 3 min de leitura

Celebrando o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAPN+, empresas deveriam se comprometer com a causa a longo prazo, e não apenas um dia por ano


Dia 28 de junho é celebrado o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAPN+, um dia de conscientização e celebração da diversidade. O mês do Orgulho é marcado pela luta e visibilidade de discussões em torno de equidade, respeito e dignidade da população LGBTQIAPN+. Porém, não podemos ignorar o fato de que tais pautas devem ser debatidas o ano inteiro e não apenas nos 30 dias do mês. Encaramos o dilema que nos faz questionar até que ponto as iniciativas propostas em junho são de fato um apoio a diversidade, ou apenas marketing querendo visibilidade em cima de pautas reais. 


Segundo um estudo feito pela startup de dados To.gather em 2024, Panorama de Diversidade nas Organizações, três em cada quatro empresas brasileiras não possuem uma área dedicada à diversidade e inclusão. Todo sexto mês do ano as empresas implementas bandeiras coloridas em seus logotipos, fazem post nas redes sociais reconhecendo a luta por direitos e diversas outras campanhas publicitárias. Entretanto, muitas das empresas que abraçam visualmente o Mês do Orgulho não sustentam esse compromisso ao longo do ano. A prática conhecida como rainbow washing, quando marcas usam símbolos da diversidade apenas como estratégia de marketing sazonal, é cada vez mais criticada por consumidores, especialmente pelas gerações mais jovens. A Geração Z demonstra uma clara intolerância à incoerência entre discurso e prática, segundo pesquisa do InstitutoZ e da YOUPIX, 4 em cada 5 jovens dessa faixa etária já deixaram de consumir produtos por descobrirem condutas contraditórias de empresas. 


Para Luiz Mendes, fundador da Trope (uma consultoria de Geração Z e Alpha), muitas marcas ainda não perceberam que precisam manter uma constância ao longo do ano em suas ações a favor da diversidade. Essas empresas realizam a “diversidade circunstancial e sazonal”, que utiliza o orgulho LGBTQIAPN+ para impulsionar seus negócios. “Mesmo com essa grande onda de conservadorismo, e um início de ano negativo para as pautas de DEI (Diversidade, Equidade e Inclusão) no mundo corporativo, opto por olhar o copo meio cheio, valorizando e destacando ainda mais as empresas que mantiveram suas políticas e iniciativas de responsabilidade social, como Globo, Natura, entre outras. Quem só finge, em meio às pressões externas que vimos agora no início de 2025, cedem e abrem mão com o passar do tempo”, afirma o CEO.  

Imagem de um menino segurando a bandeira LGBTQIAPN+

Assumir um compromisso verdadeiro com a diversidade e os direitos da comunidade LGBTQIAPN+ trata-se de assumir um papel de liderança ética. A consistência se torna o maior diferencial competitivo, marcas que integram a diversidade à sua cultura, que promovem inclusão desde os processos de recrutamento até as estratégias de produto, e que mantêm esse compromisso durante os 12 meses do ano, fortalecem sua reputação, atraem talentos diversos e conquistam consumidores. 


Na Zup, empresa de tecnologia pertencente ao grupo Itaú Unibanco, o compromisso com a inclusão ultrapassa ações pontuais de visibilidade. A organização trabalha para incorporar a diversidade como um princípio técnico e ético que orienta tanto o desenvolvimento de seus produtos quanto as decisões estratégicas. De acordo com Isabella Fernandes, Diretora de People da Zup, essa abordagem ganha ainda mais importância diante do avanço da inteligência artificial: “A inclusão da comunidade LGBTQIAPN+ não pode se restringir ao ambiente interno ou a datas simbólicas. Ela precisa estar presente na programação, nos dados utilizados, nos algoritmos desenvolvidos e nas decisões automatizadas. Na Zup, entendemos a diversidade como um indicador de qualidade técnica e um compromisso com a responsabilidade social”. 


Além da Zup e da Trope, temos mais exemplos de empresas que enxergam o Orgulho LGBTQIAPN+ e a diversidade como um pilar essencial dentro de suas organizações. A BPool, plataforma de curadoria e gestão de serviços de marketing, criou o programa 50+1 para conectar grandes marcas a fornecedores liderados por mulheres, pessoas não-brancas, LGBTQIAPN+ e PCDs, promovendo inovação e inclusão na cadeia produtiva. Já a Tecnofit, voltada ao mercado fitness, estruturou um programa de Diversidade, Equidade e Inclusão com base na escuta ativa dos colaboradores, promovendo ações concretas em parceria com o Grupo Dignidade. Hoje, quase metade do seu time se identifica como parte da comunidade LGBTQIAPN+, reflexo de um ambiente de trabalho que valoriza a representatividade e o acolhimento real. 


Mais do que uma celebração pontual, o mês do Orgulho LGBTQIAPN+ deve ser entendido como um chamado à ação contínua. A visibilidade conquistada em junho precisa se desdobrar em compromissos estruturais e permanentes dentro das organizações. Empresas que desejam se manter relevantes, éticas e conectadas com as novas gerações não podem tratar a diversidade como tendência passageira, mas como um valor central de sua cultura e estratégia. O verdadeiro legado de 28 de junho está na capacidade de transformar a inclusão em prática diária nos processos, nas lideranças, nos produtos e, principalmente, nas pessoas. 

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